15 de novembro de 2011

ROCINHA, NEYMAR E O SHOPPING RIO 2014-16


            Nos capítulos desta semana da telenovela jornalística, o cenário principal é a Rocinha, com os mocinhos da vez salvando um monte de gente boa e promovendo a paz na "comunidade". Uma cena comovente foi a que aparece a bandeira verde-amarela, que a "brisa do Brasil beija e balança". Os leitores-espectadores, em grande parte, aplaudem e respiram aliviados, comemorando nem sabem direito o quê.
            Mas a ficção se baseia em fatos "reais", e aí são outros quinhentos. Todo esse faroeste caboclo sem tiroteios ou mortes arrebatadoras é uma orquestração ditada pela dona FIFA para deixar o Rio de Janeiro igualzinho ao que dizem os textos dos folhetos turísticos: a "Cidade Maravilhosa" e seu povo alegre e festeiro são únicos no mundo.
            Um vídeo no YouTube, com uma gravação de voz do deputado exilado Marcelo Freixo, sintetiza tudo. Ele explica que as UPP's significam o "policiamento da vida comunitária" e a militarização do espaço público. Mais ainda: "o mapa das UPP's é muito revelador. É o corredor hoteleiro da Zona Sul, é o entorno do Maracanã, é Cidade de Deus em Jacarepaguá e a Zona Portuária". Ou seja, é preciso arrumar a casa para receber a elite turística que invadirá o Rio em 2014-16. Não há nada de projeto de segurança pública, trata-se apenas de deslocamento do problema. Se o bode na sala começa a feder, coloquem-no no quarto. A exibição da bandeira na Rocinha é motivo de vergonha. Afinal, é como se o Estado somente agora ali chegasse (o que é quase uma verdade inteira) e somente agora se tornassem "brasileiros".
            Outro núcleo da telenovela tem como protagonista o jovem Neymar, que "preferiu ficar em seu país e em seu clube do coração do que ir para a sedutora Europa". Em verdade, a possibilidade, a médio e longo prazo, de faturar aqui com salário, direito de imagem e publicidade (dentre outros) é muito maior do que no falido Velho Mundo. Além do que, aqui o jovem é estrela de primeira grandeza, lá, seria figurante. Até porque não se sabe se o desempenho dele seria o mesmo daqui e se o tratamento deslumbrado que ele aqui recebe aconteceria lá também.
            As megaempresas precisam de um garoto propaganda que potencialize suas marcas e ninguém melhor do que o produto Neymar, bom filho, bom pai, bom moço, jogador de lances malabarísticos e cujo moicano virou febre entre adolescentes de 5 a 55 anos. Mercadoria mais bem acabada da indústria do futebol, Neymar é a cereja no bolo da FIFA 2014.
            Para a poderosa FIFA, está tudo em paz.

20 de outubro de 2011

O HOMEM MAIS PERIGOSO DA AMÉRICA

Em 1971, o The New York Times iniciou uma série de reportagens em que revelavam ao público o conteúdo de vários documentos ultrassecretos do Governo Estadounidense sobre a Guerra do Vietnã. Em síntese, os documentos provavam que vários presidentes (Einsenhower, Kennedy, Lyndon Jonhson e Nixon) sabiam que a guerra era infrutífera e que não havia por que continuar com sua manutenção. Além disso, os documentos descreviam a manipulação e a construção de fatos sobre a guerra que jogavam por terra os discursos patrióticos que tentavam justificar a invasão do Vietnã.
O responsável por isso, e a fonte do NYT, foi Daniel Ellsberg, que com a ajuda de um amigo e do casal de filhos (de 13 e 10 anos na época), xerocou durante meses as mais de 7 mil páginas de documentos.
Ellsberg era um funcionário público de alto nível, com acesso direto a Robert McNamara (Secretário de Defesa dos EUA entre 1961 e 68), que durante boa parte de sua vida defendeu a invasão estadounidense como uma forma de luta pela democracia. Após passar um tempo no Vietnã e conhecer a real situação das tropas e do conflito, percebeu que a versão dos fatos divulgada pelo governo era intencionalmente forjada e despropositada. Daniel passa então a ter contato com os movimentos de repúdio à guerra e começa a elaborar um plano para provocar seu término. Ciente dos riscos, decidiu-se por revelar os "papéis do Pentágono"
O documentário, de Judith Ehrlich e Rick Goldsmith, tem narrativa convencional e correta, sendo um grande trunfo a qualidade histórica e reveladoras das imagens (fotos e vídeos) e gravações (dos telefonemas de Nixon) usadas para narrar os fatos. 
Outro elemento que enriquece o filme é o dilema ético por qual passa Ellsberg, dividido entre suas convicções patrióticas e a necessidade em desmascarar uma instituição que sempre admirou. Tudo isso ainda fica mais dramático pelo fato de Ellsberger saber que, ao fazer as cópias dos documentos e revelá-los, sofreria perseguições, teria de abdicar de seu emprego e dos privilégios que usufruía e ainda correria sérios riscos de ficar anos preso por espionagem.
As consequências das revelações entraram para a História dos Estados Unidos e provocaram uma polêmica gigantesca, que foi parar na Corte Suprema, sobre o direito de imprensa, uma vez que Nixon reagiu com truculência ao vazamento e tentou processar os jornais e levar Daniel à prisão. 
Não custa lembrar que a guerra causou a morte de 2 milhões de vietnamitas e 57 mil soldados estadounidenses. 
No conjunto, trata-se de um bom documentário sobre um tema de grande interesse.

TEMAS PRINCIPAIS: 1. Guerra do Vietnã 2. Governo Nixon 3.Direito de Imprensa
SUBTEMAS: 1. Anos 60 2. Contracultura 3.Protestos Populares
    SAIBA MAIS:
    FICHA TÉCNICA:
    Gênero: Documentário
    Duração: 92 minutos
    Direção: Judith Ehrlich, Rick Goldsmith
    Roteiro: Michael Chandler, Judith Ehrlich, Rick Goldsmith, Lawrence Lerew
    Ano de Lançamento: 2009

    Idioma: Inglês (legendas: Português-BR)

    ELENCO
    John Dean; Daniel Ellsberg; Patricia Ellsberg; Max Frankel; Mike Gravel; Bud Krogh; Tony Russo; Hedrick Smith




    15 de outubro de 2011

    O CÍRCULO

    O homem de preto avançou sobre o cadáver tombado no beco e ficou olhando alguns instantes até ter certeza de  que o corpo não mais se movia. Havia uma lua, sim, sobre isso tudo, e era cheia, pesadamente prateada. Para o silêncio de onde veio, o homem de negro voltou.
    Em certo momento a moça veio passando, mas isto já era às seis horas da manhã, quando ela se dirigia ao ponto de ônibus a caminho do trabalho, e viu o corpo, viu o sangue e os furos na roupa do morto. Viu as pegadas de um vermelho-quase-preto pegajoso se afastando em direção ao beco e ficando disformes e apagadas quanto mais se distanciavam do corpo. Era como se o sangue que estivera contido na embalagem de carne não quisesse se afastar e se agarrasse ao asfalto encardido com certo desespero.
    E a mulher estancou.
    Ela não saberia dizer quanto tempo ficou ali, olhando a cena, menos ainda saberia dizer o que sentiu ou pensou. Ela só sabe que a imagem do corpo-sangue-asfalto imprimiu-se de tal forma em sua memória que, de imediato, percebeu que jamais conseguiria retirar dali esta cena esculpida em vermelho escuro.
    Chega uma hora em que é preciso se afastar, mesmo não havendo vontade própria, ou desejo declarado. E ela se afastou.
    Uma hora depois, sacolejando no segundo ônibus, passando por entre as fachadas estridentes das lojas do centro, ainda continuava enxergando mais a cena no beco do que a arquitetura e as pessoas que infestavam o centro da cidade. Aquela multidão toda que se espalhava desordenadamente em volta do ônibus era como se não existisse. Ou então, era como... como se todas as pessoas que passassem em torno de seu campo de visão confluíssem e se introjetassem no corpo caído no beco por meio das fendas abertas a golpe de faca e que, parecia, não cicatrizariam nunca. Do mesmo, modo, sentia-se realmente e desesperadamente solitária, triste e aflitamente solitária. Sozinha no ônibus-ilha, parecia lhe faltar apenas os coqueiros-clichês das piadas de náufrago. Foi quando percebeu que a imagem retida na memória começara a causar-lhe dor. Chorou.
    Na lanchonete em que trabalhava há dois anos, a vida passava como se cumprisse um contrato em que estivesse determinado que nada poderia fugir da normalidade. A sequência de ações se repetiam como em um filme colocado para recomeçar sempre que chegasse ao fim. Mas não naquele dia.
    Atender aos clientes e fazer as obrigações rotineiras adquiriu um novo sentido. Olhava para cada pessoa e parecia querer alertá-las de que aquela seria a última vez, pois a vida acaba quando menos se espera. E pode ser num beco sombrio, longe de tudo e de todos.
    Nunca havia pensado que espremer uma laranja era como retirar de dentro dela toda a história vivida pela fruta desde o desabrochar em flor. E tremia sem poder dizer a ninguém o que sentia, pois não queria parecer enlouquecida para pessoas que ainda continuavam a cumprir o contrato com a rotina. 
    Havia diante dela dois mundos, um era sólido, feito de pessoas, mesas, talheres e cores difusas. Através deste, havia um mundo transparente que se fazia mais real e presente que o outro. Em um, via uma faca e copos, e na sombra da faca e dos copos percebia a agudeza do corte e a violência do vidro. 
    Além disso havia os cheiros. Antes ignorados, a fritura, os condimentos e os produtos de limpeza adquiriam uma existência quase física de tão opressora. Seu estômago chegara a revirar sob o efeito da nauseante avalanche de odores quase visíveis.
    E sempre a imagem do corte, do sangue e da vida escapando pelos orifícios abertos a contrapelo.
    O dia passou, parecia que não iria acabar nunca, mas passou. E se a experiência sufocante das horas de trabalho lhe pareceram insuportáveis, a chegada da noite e suas sombras foram pior, muito mais assustadoras. A escuridão e as manchas negras nos pontos cegos, sob marquises, entre grades e árvores, tinham volume e era possível tocá-las e empurrá-las com as mãos trêmulas e frias.
    Gostaria muito que houvesse um mar de lâmpadas acesas e que cada pessoa brilhasse como uma tela de TV, para que pudesse desfazer o nó na garganta que a impedia de respirar, mas por onde mirasse só havia a escuridão.
    Quando olhou para o lado, foi obrigada a parar. Lá estava ele, o beco da manhã, agora mais severo e ameaçador. O beco com sua entrada mas cujo fim parecia não existir, embaralhado pelas trevas que pareciam nascer ali. Talvez fosse mesmo isso... descobrira sem querer a origem das sombras, o lugar de onde elas surgiam e se espalhavam pelo mundo afora.
    Não havia nada ali, ao menos parecia não haver. Só o vazio do corpo, retirado ainda há pouco e levado para seu destino certo. Depois da ausência do morto o beco se afundava em manchas indistintas.
    Foi então que ela avançou. Passo após passo, lentamente foi penetrando a escuridão e sentindo a pele gelar sob o peso do ar sombrio. 
    Passou pela última pegada pintada com restos de sangue e olhou em direção ao nada. E dentro dele viu um homem de preto. Quieto, segurava com firmeza uma faca recém usada. Finalmente respirou.

    10 de outubro de 2011

    O INV(F)ERNO BRASILEIRO

    Imagem do blogue http://wsantacruz.com.br/tag/reflexao/
     A presidenta Dilma vem agindo em relação a vários temas de um modo muito distinto de seu antecessor, Lula. É aceitável que ela imprima um modo próprio de governar, senão pareceria mero fantoche na mão de quem a escolheu e a construiu como candidata, mas esperava-se a continuidade das estratégias e ações políticas dos dois mandatos anteriores, que foram a principal causa de sua escolha como sucessora. No MinC, Ana de Hollanda desfez a belíssima construção democrática pluralista que vinha sendo solidificada entre os setores culturais, unindo centro e periferia, cidade e zona rural, artistas renomados e os mambembes da vida, artes consagradas e as ditas 'populares'. Expurgando a ideia de criações compartilhadas e fazendo do Minc escritório do nefasto ECAD, a arrogante Ana de Hollanda trouxe de volta os mandarins engravatados que nada sabem e tudo mandam. 
    O silêncio de Dilma diante do achincalhamento diário a que vem sendo submetido Lula pela imprensa golpista é alarmante. Quando no poder, ninguém teve peito para ofender Lula com mentiras e distorções, pois sabia que a resposta seria demolidora. Afastado dos microfones iluminados da grande mídia, Lula deveria ter em Dilma sua defensora. Mas ela só quer saber de exaltar a força da mulher, balela que só ressalta o conflito entre gêneros, que é importante, mas a violência entre classes não tem gênero, uma madame não é nada maternal quando quer demolir, ofender e humilhar seus subordinados machos. Agora ela ataca os sindicatos. Daí pra frente vamos ver o que vai dar.
    Nunca MAIS na história desse país teremos um governante, estadista, líder, intelectual como Luis Inácio Lula da Silva, legítimo representante e conhecedor de fato da realidade da grande massa de desempregados e trabalhadores de baixo nível econômico deste país. Com seus milhares de defeitos (por favor, o assunto aqui não é macroeconomia, políticas monetárias e tecnocracias abstratas, não por enquanto), Lula tinha uma virtude que encobria tudo isto: saber o que é a vida minuto a minuto, dia a dia dos miseráveis, pobres e remediados. O quanto esta grande massa [os termos não são técnicos, mas de uso recorrente] de homens, mulheres, meninos, meninas, brancos, negros, índios, favelados, caipiras, nordestinos, deficientes físicos e mentais, viados, travestis, crentes, descrentes, alcoolizados, escravizados e tantos outros sente na pele, na alma, na mente pelo CONTATO DIÁRIO com a frustração, a dor, a injúria, o desprezo, a impotência, a injustiça, a insatisfação de toda ordem, a carência de saúde, de alimentação decente, de conforto mínimo, de dignidade. O quanto esta massa é massacrada ao entrar no ônibus, ao andar na rua, ao entrar na padaria, ao chegar no serviço, ao falar com os chefes e clientes, ao ser abordada pela PM, por representantes do Estado, do Judicíario, do Executivo, e ainda, ao chegar em casa, em lugar de encontrar um oásis para esquecer da tortura a que está condenado a viver diariamente, encontra, muitas vezes o pior de todos os seus sofrimentos, o sofrimento dos filhos e da esposa, da mãe e do pai. Este sofrimento que doeria menos se ele pudesse sentir em sua pele, mas não pode. Este indivíduo, maioria absoluta deste país, é apenas uma sombra, uma coisa vaga na cabeça da elite política e econômica que com eles se relaciona há 500 anos. Para esta elite, e certa classe média que acredita pertencer a este grupo, toda esta massa não é mais que um bando de preguiçosos e lamuriadores, gente que por "ser ignorante" merece estar onde está. É exatamente assim que eles enxergam. E 99,99% dos homens que ocupam cargos públicos ou exercem cargos de gerente para cima em empresas privadas têm este perfil. Daí a massacrante e longeva história de chibatadas físicas e morais que, parece, não terá fim.
    O massacre ao povo voltou, as tais "políticas paliativas", para gente bem nutrida é apenas um termo técnico, que eles insistem em usar para condenar o que foi feito nos anos Lula, mas para o Zé Piolho é melhora de vida. Quem não sabe o que é ter acesso a um pote de iogurte uma vez por semana, ou por mês, o que é não poder comprar um biscoito Passatempo pro filho de três anos com ele do lado pedindo no mercado, quem não conhece o povo deveria ter vergonha de falar superficialidades pelos quatro cantos, com suas indignaçõezinhas de burguês fútil, preocupado com chiuauas e cotovias. Dona Dilma, sim, está jogando por terra tudo que o Lula conquistou pro Zé Piolho. É esmola, paliativo, sedativo, engana-trouxa? Que seja. Nos últimos oito anos a massa-miséria começou a virar gente e isso incomodou aos escolhidos da Brasiuropa. Cadê a revolta? Cadê os revolucionários das redes sociais? Estão chorando a morte do arrogante Steve Jobs, menino prodígio da tecnologia que antecipou em alguns anos todo o processo de controle burocrático do cidadão digital, não apenas para os Estados Totalitários do Democrazismo, mas para o poder sobreparalelo das corporações megamilionárias da tecnologia e do entretenimento. O mundo está mergulhando na Santa Inquisição Ponto Com e ao redor de nós, aqui dentro de onde estamos nas redes sociais e blogues, não está a salvação, está o martírio. Quando acordaremos? 
    DILMA CONTRA AS MASSAS

    28 de setembro de 2011

    SOMAR OU SUBTRAIR?

    Resumo: reproduzo a notícia de ontem da Folha de São Paulo sobre a proposta de mudança no currículo do ensino médio da rede pública do estado de São Paulo (governador Geraldo Alckmin - PSDB). 
    Leiam e tirem suas conclusões. Se quiser, comentem aqui ou no Facebook.

    SP corta aulas de português e matemática

    Redução da carga horária das duas disciplinas no ensino médio será usada para aumentar espaço de outras matérias

    Governo estadual quer aumentar o espaço de outras disciplinas somente no último ano do antigo segundo grau

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    O governo paulista finalizou projeto de mudança no ensino médio, a ser implantado já em 2012. Português e matemática perdem espaço para outras matérias como espanhol, física e sociologia.
    Outra alteração é que estudantes do terceiro ano escolherão currículo com uma das três ênfases: linguagem; matemática e ciências da natureza; ou ciências humanas.
    Hoje, o currículo é praticamente o mesmo para todos. A possibilidade de escolha valerá aos alunos que concluírem o ensino médio em 2014. Os colégios receberam documento neste mês com a proposta. Em outubro, a Secretaria da Educação definirá se o projeto será alterado. A secretaria não se pronunciou sobre o tema.

    NOVA DISTRIBUIÇÃO
    A redução de português e matemática valerá para todos. No ensino médio matutino, por exemplo, o aluno que está na rede hoje deverá ter assistido a 560 aulas de português quando se formar. Pela proposta, se ele escolher ênfase em linguagem, serão 440 aulas (20% menos). No currículo com ênfase em matemática, seriam 400 aulas e 360 em humanas.
    Por outro lado, todos os estudantes terão carga maior de física, química, filosofia e sociologia, que hoje chegam a ter apenas uma aula semanal.
    Com a alteração, o governo tira carga de matérias em que os alunos têm problemas -prova da secretaria aponta que 38% estão abaixo do esperado em português e 58% em matemática.
    Hoje, o ensino médio estadual tem cerca de 1,5 milhão de alunos -quase 85% das matrículas no Estado. A proposta aumenta a carga horária de matérias menos presentes -português e matemática têm cinco vezes mais aulas que sociologia. Outra alteração é que haverá espanhol em todas as escolas (hoje só existe onde há turmas interessadas).
    A intenção da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) é que haja maior equilíbrio na distribuição das matérias e que os alunos se sintam mais atraídos pelo ensino, pois terão variações de currículo.
    Docente da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse não vê problemas na redução de português e matemática, pois a carga de ambas já é alta. Mas ele discorda das ênfases. "A divisão concentra precocemente a formação do jovem, que precisa de conhecimento geral". Alavarse afirma ainda que a alteração para currículos diferentes pode ser estratégia para atenuar a falta de professores. Podem ser oferecidas, diz, matérias em que haja mais docentes, tirando o peso daquelas com deficit.
    Também professora da USP, Carmen Sylvia Vidigal Moraes se diz "desconfiada" da redução de aulas de português e matemática. "Por que, toda vez que se tem de aumentar algumas disciplinas, se fala em retirar outras?", indaga ela, que defende aumento da jornada e ressaltou não ter tido acesso à proposta do governo.

    Colaborou SÉRGIO MADURO

    19 de setembro de 2011

    O TEMPO NÃO PARA

    Ingresso do Rock in Rio 85
    O Rock in Rio 2011 está aí, 26 anos depois do primeiro, que marcou época. Boa hora pra fazer algumas reflexões e perceber algumas mudanças que ocorreram durante este tempo.

    Em 85 as pessoas se comunicavam por carta e telefone (interurbano era uma fortuna), não havia msn, torpedos, blogues nada disso. A mídia alternativa consistia em jornaizinhos mimeografados (confira na Wikipédia o que é isto) ou xerocados (estes passaram a receber o nome de zines).
    Quase não havia espaço na imprensa para o universo do rock, notícias sobre grupos, músicos e shows eram garimpadas com frenesi pelos novos e velhos cabeludos, com visual hippie ou metaleiro. Fotos? Nem pensar. Quem tinha algum exemplar da antiga Pop, colorida e repleta de fotos, era um privilegiado, dono de um capital capaz de chantagear qualquer um em busca de imagens e informação.
    Neste período surgiram a Pipoca Moderna, Roll, Metal, Rock Brigade e depois a inesquecível Bizz, consequência direta do aumento do público (e consumidores) do mercado do rock. Blitz, o Rock Brasil, assim como o Rock in Rio e a sequência de shows que começaram a chegar aqui são a prova disto.
    O festival mítico que habitava o consciente coletivo era Woodstock, mas isso já havia acontecido há 16 anos, e para minha geração, na casa dos 18, era um outro tempo, parecia outro planeta. São estas experiências que provam que o tempo não existe, o Verão da Paz e do Amor, um vácuo de 16 anos, estava muito mais distante de mim naquela época do que o "recente" Verão da Lata (1988) está para mim hoje.
    O Brasil começava a transição para a democracia e a legalização dos outrora partidos clandestinos, que faziam nossa cabeça no movimento estudantil, anos antes. O carro brasileiro era "uma carroça", videogame era Atari, shopping não existia, pelo menos no brasilzão em que 99% dos roqueiros moravam. Ser roqueiro significava ser identificado pelo visual e comportamento, além das ostensivas capas dos elepês levados debaixo do braço pelas ruas da cidade. Elepês eram os discos de vinil que ouvíamos em aparelhos de som chamados 3 em 1 (rádio + tocador e gravador de fita cassete + toca-discos). Como se vê, mudou muito em matéria de tecnologia, mas os desejos eram um tanto parecidos, obter informação, gravar, trocar informação, formar grupos a partir das preferências etc. A indústria se sofisticou, o público aumentou, o país mudou, mas é engraçado esta sensação de que por um lado está tudo tão diferente e, por outro, tudo está tão parecido.

    12 de setembro de 2011

    O QUE OS JORNAIS NÃO DIZEM SOBRE O ENEM

     Resumo: neste texto comento a distinção entre escolas públicas e privadas motivado pelos jornais de hoje, que noticiam mais um índice do ENEM.

                Sempre que os resultados do ENEM chegam à imprensa dá-se sempre o mesmo: a "educação pública" é achincalhada e seu "inaceitável" fracasso é comparado com a eficiência das escolas privadas, estas sim, um modelo do que deveria ser a educação brasileira. Em meio a tantos números, índices e nomes, noticia-se muito, mas informa-se pouco. Nas entrelinhas ficam algumas impressões para os leitores, dentre elas, a de que o ensino público é ruim por ser público e que o modelo privado (leia-se, pago) é o modelo a ser padronizado, sugerindo que a escola pública deva ser apenas uma benesse do Estado para a massa empobrecida.
                Em comentário no jornal O Globo (de 12/09/2011), Nélio Bizzo (da Faculdade de Educação da USP[1]) fez um importante comentário: "- Você pode avaliar os alunos, mas não pode comparar as escolas porque é uma injustiça com as públicas. Elas não estão preparadas para que seus alunos façam o Enem, enquanto as privadas escolhem os melhores para fazerem as provas".
                De fato, as realidades são tão distintas que é impossível os resultados se aproximarem, pelo menos enquanto o modelo de ensino, em ambos os casos, se mantiver. Para começar, há o fato de muitas particulares "escolherem" os alunos que farão a prova (no limite mínimo de 25%), enquanto nas públicas o índice de participação é maior e não há escolha. Mas isto não é nada. A escola particular no Brasil já promove no plano econômico uma filtragem, pois devido ao valor de uma mensalidade o conjunto de alunos que ali estudam representa uma camada socioeconômica e cultural que ocupa a parte de cima da pirâmide social. Oriundos de famílias das classes altas e médias, estão mais habituados com a rotina escolar e com a cultura letrada, que entra muito cedo em suas vidas.
                A escola pública, por sua vez, promove algo impensável nas particulares, a inclusão de todo e qualquer indivíduo em condições de matricular-se, não importando sua idade, condição financeira, histórico escolar, situação de risco, local de moradia, antecedentes policiais e por aí vai. Tal processo de universalização do ensino, que nos últimos quinze anos tem se aproximado quase da totalidade de seu objetivo (todos alunos nas escolas), é um dos responsáveis por uma série de situações que geram dificuldades para o ambiente escolar. A posição no ranking do MEC não é atributo exclusivo da presença desse grupo de alunos com dificuldade de adaptação ao regime escolar, mas gostaria de insistir na descrição dessa situação para melhor encaminhar a discussão. Também não pretendo me posicionar definitivamente sobre alguns assuntos aqui levantados, uma vez que considero necessário contextualizá-los primeiro para depois ir em busca de suas soluções, quando então torna-se imprescindível marcar posição.
                Há numerosos indivíduos, transformados compulsoriamente em alunos, que não trazem do ambiente de origem o discurso ideologizado do estudo como tábua de salvação para o sucesso social. Somam-se a isto a inabilidade e pouca intimidade de seus responsáveis (nem sempre os pais biológicos) com o universo pedagógico e suas demandas: deveres para casa, pesquisas, práticas de estudo, organização do material escolar, reconhecimento da hierarquia escolar etc. Fatores variados ainda contribuem para que este grupo tenha dificuldades de adaptar-se ao padrão de comportamento que dele se espera, pois o índice de envolvimento com situações de risco (má nutrição, doenças não tratadas, distúrbios neurológicos, drogas, marginalidade, sexualidade precoce, violência doméstica, abuso sexual entre outros) é exponencialmente maior em relação aos demais alunos. Não possuo dados concretos, mas empiricamente arriscaria dizer que este grupo de alunos com dificuldade de adaptação representa algo entre 10 e 20 por cento do total. Parto do princípio de que em uma sala de 30 alunos do fundamental ou médio é comum identificarmos mais ou menos cinco alunos com tal perfil. Claro que no ensino médio o processo de exclusão por reprovação faz diminuir este índice.
                Embora para um cidadão comum possa parecer pequena esta porcentagem, professores, inspetores e equipe pedagógica sabem o quanto o cotidiano escolar é afetado pelo esforço de contornar os conflitos gerados pela interação deste grupo com o ambiente escolar. Espero que meus argumentos não causem a sensação de estar "demonizando" ou sugerindo a exclusão de certos indivíduos. Muito pelo contrário, busco aqui chamar a atenção para algo pouco assumido pelo discurso oficial ou pela retórica política ou mesmo pelo autismo de alguns pedagogos e burocratas do ensino.
                Na mesma reportagem citada acima, é revelador o comentário da supervisora pedagógica do Colégio São Bento, primeiro colocado no ranking: "_ Se o aluno quiser usar calça rasgada, brinco, piercing e cordões, certamente não estudará aqui". A possibilidade de uma escola pública adotar um regimento disciplinar, digamos, mais rigoroso é rara. A começar pela interpretação confusa e titubeante que é feita do ECA (o Estatuto da Criança e Adolescente) tanto pelos próprios conselheiros tutelares quanto pelas secretarias municipais e estaduais. Os funcionários das unidades escolares ficam desorientados sem saber que medida tomar diante dos fatos, incapazes de distinguir um ato infracional de um ato indisciplinar. A proposta de revisão da redação do ECA pode vir a corrigir isto, embora persista um desacordo profundo na interpretação dos direitos e deveres da criança e do adolescente entre os membros e entidades que participam deste debate. Juízes, promotores, conselheiros tutelares, pedagogos e assistentes sociais enxergam por prismas distintos o assunto.
                As chamadas "medidas punitivas", tão explicitamente assumidas nas particulares, são, na maioria das escolas públicas, assunto proibido ou ao menos indigesto. Reprimenda de gestores, intervenção de orientadores, impossibilidade legal e até pressão política são alguns dos argumentos citados por profissionais da educação quando indagados sobre a dificuldade de pôr em prática tais medidas. O resultado é que todo o sistema é afetado pela exaustiva e tensa situação descrita. Há argumentos que apontam este ambiente conflituoso como um dos responsáveis pelo alto índice de afastamentos (por prescrição médica, por exemplo) e faltas de professores da escola pública, índice que nas particulares é baixíssimo. Que fique claro neste ponto que nos dois ambientes (público e privado) encontram-se alunos "bagunceiros" e "que gostam de aprontar", mas não é desses que estamos falando.
                Esta heterogeneidade profunda que uma escola pública é capaz de concentrar solicita um arcabouço pedagógico que ainda é de desconhecimento da maior parte dos profissionais da educação pública. Há casos em que esta diversidade não ocorre, ou ocorre menos, como nas zonas rurais, em que o público é bem mais homogêneo do que os dos centros urbanos. Alguém pode pensar em "separar" os alunos por sua habilidade cognitiva e desempenho, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem, mas seria ferir o que estabelece os PCN's (Parâmetros Curriculares Nacionais) criar turmas A, B e C de acordo com tais critérios de distinção. Isto nas públicas, claro.
                Outro fator relevante diz respeito aos fundamentos epistemológicos postos em prática em cada um desses ambientes. Exemplo disto é o fato de ser comum nas escolas privadas os simulados, em que se reproduz o modelo de provas de concursos (vestibular) para que o aluno se habitue e se prepare para elas. Novamente, se a escola pública tem por princípio obedecer de fato às propostas dos PCN's, ela deve variar seu modelo de ensino e avaliação, em respeito às inteligências múltiplas e à própria concepção do que seja o ensino e para que serve a educação. Neste documento do MEC está claro que não pode a escola preparar o aluno durante anos com o objetivo maior de realizar uma prova que dura poucas horas. Este é mais um ingrediente para o caldeirão dos conflitos e soluções da educação. As práticas de treinamento do ensino conteudista exigem ainda uma complexa rede de elaboração, impressão e correção de provas, assim como de uma carga horária extra, em geral sábados (por vezes, até domingo), algo para lá de assimilado pelos alunos de colégios como o São Bento. Isto implica em gastos e uma estrutura razoável de equipamentos, salas, profissionais dentre outros.
                Por fim, voltando a reportagem aqui já citada, é importante ressaltar que as medidas prováveis para a solução desses problemas já são mais que conhecidas. É o que sintetiza Ocimar Alavarse (USP) no que chama de             "três vertentes" para aprimorar o ensino público: "injeção de recursos (incluindo melhoria salarial dos professores), reforma física e organizacional das escolas e melhoria da formação dos professores". Como se vê, nada impossível. Mas os motivos para sua não realização já são assunto para outro momento.
                
    AUTORIA: Fábio Elionar do Carmo Souza.
    LINQUES: O Globo

    25 de agosto de 2011

    SOBRE LITERATURA (introdução)

    Chuva (Goeldi, 1957)

    Resumo: em salas de aula, um assunto que volta e meia vem à tona é a questão de até onde uma atividade de interpretação de texto tem validade, uma vez que há aqueles que defendem que o entendimento de um texto seria um ato plenamente subjetivo. Este artigo parte dessa ideia para tentar provar que ela, colocada dessa forma, é, senão falsa, pelo menos incompleta. 

                Faz parte do anedotário estudantil um comentário, atribuído ao poeta Carlos Drummond de Andrade, no qual ele teria afirmado que se houvesse de responder uma certa questão no vestibular sobre um poema de sua autoria teria errado, pois ele não concordava com a resposta dada pelo gabarito. Alguns alunos citam isso quando nas aulas de literatura o assunto é a interpretação dos textos literários, usam tal exemplo para reforçar a opinião que carregam consigo de que a interpretação é subjetiva, portanto, cada um lê do jeito que melhor lhe aprouver.
                Sempre que isso ocorre vejo o quanto é necessário insistirmos em certas noções elementares de teoria literária, que tanta falta fazem, não sei ao certo se somente aos alunos, mas também a muitos professores do fundamental e médio, responsáveis diretos pelo (des)conhecimento de certos procedimentos básicos de leitura interpretativa que os alunos recorrentemente demonstram.
                Se formos verificar a autenticidade da anedota acima (dita pelos alunos na maioria das vezes como uma sólida verdade), vamos perceber que talvez se trate de uma afirmação de Roberto Drummond, autor de “Hilda Furacão” – e não de Carlos, o poeta de “No meio do caminho”. Roberto Drummond contava que resolvera prestar o vestibular e soube que seu livro “A morte de D. J. em Paris” serviria de fonte para algumas questões. Ao corrigir sua prova, percebeu que havia errado as questões sobre seu próprio livro. Verdade ou não, o caso assumiu ares de “fato” ocorrido, apesar do caráter folclórico. Daí para a situação ser atribuída ao outro Drummond foi um pulo.
                Reforça ainda a minha preocupação, a opinião que algumas pessoas têm a respeito das aulas de Literatura, quando afirmam que para estudá-la basta ler[1]  e dizer o que achou. Enfim, que se trata de um simples caso de “gostei” ou “não gostei”.
                Uma vez que defendo ser possível e necessário desenvolver práticas de leituras com base objetiva e com forte carga de reflexão e postura crítica - o que auxiliaria em muito a formação de leitores capazes de interagir profundamente com os textos do mundo -, torna-se uma questão fundamental discernir certos pontos acerca deste problema, a começar pela revisão do mito romântico do “gênio criador”.
                Conforme sabemos, o romantismo é o gênero burguês por excelência, feito sob encomenda para realçar e disseminar os valores, a estética, a ética e a ideologia da nova classe, então emergente. Um progressismo calcado no “theatrum mundi” da urbanidade, na iniciativa empreendedora do indivíduo e na difusão do conhecimento gerou, por conseguinte, o culto à celebridade, ao individualismo e aos personalismos de seus atores, tornando a estética romântica receptiva a todo tipo de idiossincrasias e de mitificações do "eu". Em meio a esse quadro dissemina-se a idéia de que o ser criador está divinamente e totalmente incrustado em sua obra e, ainda mais grave, que o ato criador é a manifestação fortuita do dom que todo artista de gênio possui, por isso, sua obra é então compreendida como feita de uma só tacada e, desde já, estando acabada e pronta, não necessitando de retoques, conhecimento técnico, esforço nenhum. Arte literária, compreendida dessa maneira, é dom, dádiva, e, sendo assim, é atribuição dos eleitos pelas musas revelar ao mundo o brilho de suas almas. Fernando Pessoa explora engenhosamente esta crença do leitor ingênuo ao explicar o “nascimento” de Alberto Caieiro. Mas quem lê com atenção o brilhante autor de "Mensagem", sabe que ele afirma que o poeta é "um fingidor". O recado é claro: desconfiem do que os autores dizem, não só em suas obras, mas sobre si mesmos em depoimentos, cartas e entrevistas.
                Essa crença do leitor ingênuo, potencializada pelo conhecido fervor juvenil dos autores românticos, fundamentaram a concepção de que o poema é o autor, de que o texto é o registro fiel de um instante sentido e experimentado por uma alma de gênio e sensibilidade. O jovem, em geral, se imagina único, original e especial, com o resto do universo girando ao redor de si e os nossos românticos não foram exceção à regra. É bom lembrar ainda que o comportamento juvenil nem sempre termina com o fim da juventude.
                Mas o bonde da história não fica parado. Por isso, percebemos que as mesmas forças que impulsionaram a conformação dessa sociedade mitificadora do gênio, geraram as transformações científicas que alteraram o pensamento humano nos últimos séculos. O Renascimento e o Iluminismo foram responsáveis, em grau maior ou menor, pelos esforços de construção de sociedades baseadas na solidez de suas instituições, assim como pela valorização da razão e do pensamento crítico.  
                E foi este empreendimento da razão que permitiu a construção de um conjunto de teorias e práticas capazes de alterar aquela percepção mitificadora e simplista que o senso comum atribuía ao escritor e à sua obra.
                Os principais responsáveis por essa mudança na apreciação do texto literário, ou pelo menos pela proposta de mudança, foram os estudiosos do século XX, especialmente os chamados “formalistas russos”, seguidos pela “nova crítica” e pelo “estruturalismo” literário. Não ignoramos a contribuição do século anterior, promovida pelos próprios autores, cada vez mais conscientes do ato de escrever (nosso Machado de Assis é brilhante nesse aspecto), pelos poetas simbolistas e pelas experimentações das vanguardas, além das importantes contribuições de historiadores, críticos e pensadores. Mas é no XX que a Teoria da Literatura irá se afirmar como sistema objetivo de compreensão do fenômeno literário.
                Os manuais escolares de ensino de língua materna e de literatura trazem embutidas em suas propostas de leituras e atividades de interpretação inúmeras contribuições da Teoria da Literatura (na verdade, Teorias). Mas infelizmente há ainda uma mistura incoerente de propostas de abordagem do literário por estes manuais que confundem o leitor em sua busca pela leitura objetiva dos textos literários.
                Daí a importância em organizar melhor as ferramentas teóricas que habilitem o leitor atento e desfaçam de vez a ideia de que a interpretação de um texto é puramente pessoal e que "cada um entende do seu jeito". Mas isto fica para outro texto.

                SUGESTÃO DE LEITURAS:
    Domício Proença Filho. A Linguagem Literária. Ed. Ática.
    Roberto Acízelo de Souza. Teoria da Literatura. Editora Ática (Série Princípios).


    [1]  Neste caso, “ler” pode significar olhar um resumo ou assistir ao filme.